• Tamires Vitorio
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Horizon Workrooms (Foto: Facebook/Reprodução)

Horizon Workrooms lembra primeiras versões do The Sims ou Buddy Poke, do Orkut (Foto: Facebook/Reprodução)

Quatro avatares 3D estão sentados em uma mesa, em uma reunião feita a partir de um ambiente digital. As pessoas ali são uma representação virtual delas mesmas, quase como uma das primeiras edições do The Sims, ou do Buddy Poke, jogo popular do Orkut — sim, aquele em que um usuário conseguia mandar abraços e beijos para o outro.

A versão é um protótipo de como deve ser o Horizon Workrooms, aplicativo de reuniões pessoais que a Meta, empresa de Mark Zuckerberg dona do Facebook e Instagram, planeja lançar.

Segundo Chris Cox, chefe da área de privacidade do Meta (ex-Facebook), apesar da primeira aparência cômica e bem parecida com um desenho animado do começo dos anos 2000, a ideia é que a ferramenta ofereça uma opção mais “realista” às videoconferências, com foco na construção de um metaverso.

“No Horizon, você consegue ver a linguagem corporal das pessoas, e você consegue não consegue falar em cima de outro usuário, você pode usar as suas mãos e mudar a sua atenção de indivíduo para indivíduo — tudo baseado em sua postura. Essas coisas, e lembre-se que estamos na versão um, serão melhoradas”, contou Cox durante o Web Summit.

Cox ainda afirmou que “toda tecnologia, a princípio, é um pouco esquisita” e que, no começo, é normal que as pessoas estranhem o fato de fazerem reuniões com avatares pouco realistas em torno de uma mesa 100% digital.

“No início não entendemos, mas existe uma progressão das coisas que faz com que entendamos uma tecnologia no futuro. A videoconferência não une os funcionários da mesma forma que o Meta”, disse.

Sobre o metaverso, Cox defende que “a resolução baixa” da versão atual ainda não mostra todo o potencial que a ideia de ficção científica pode colocar na vida real.

“Nos acostumamos a ter computadores em nossos bolsos, mas estamos nos olhando através de telas e digitando em boa parte do tempo, e a história da computação, conforme se torna mais imersiva, nos leva para um novo período na internet, no qual não estaremos olhando para telas, mas sim tendo o sentimento de presença física”, afirmou.

O conceito de "metaverso" faz referência a uma versão futura da internet, na qual as pessoas irão utilizar dispositivos de realidade virtual avançados para acessá-la, em substituição a dispositivos como tablets, smartphones e computadores. A ideia é a de que, em vez de interagir pelo computador, os usuários possam participar de um enorme cyberspace, ao lado de todos os outros seres humanos.

“[O Metaverso] É algo que falamos sobre desde os anos 90 e leitores de ficção científica entendem. É tornar a internet menos plana”, explicou Cox.

Facebook Papers

Cox não escapou das duras perguntas sobre o Facebook Papers — uma série de documentos vazados sobre a rede social que revelaram informações sobre a companhia, como a aprovação de Mark Zuckerberg à censura, o privilégio de postagens que causam polarização, entre outras denúncias.

O executivo foi evasivo durante as respostas no Web Summiit, mas afirmou que o período “é difícil” e  “essas são as perguntas que precisam ser respondidas”. “Acho que quanto mais crescemos, a importância desses assuntos para a sociedade aumenta, e, se é bom para a sociedade, é bom para nós”, afirmou.

Cox negou que a companhia priorize determinados países na hora de moderar os conteúdos. “É triste que este seja em um momento que os fatos não estejam corretos, particularmente sobre quanto a companhia tem investido para proteger as pessoas. Estamos gastando US$ 5 bilhões este ano e temos empregados que estão focados em manter as pessoas seguras em todos os países e regiões. Não somos perfeitos, mas levamos esses problemas a serio”, disse.

O CPO da Meta disse ainda que falar e resolver o tema “não vai ser fácil e não deveria ser”. “Precisamos falar de cada um desses problemas especificamente e precisamos chegar no centro deles. E estou falando isso seriamente. Para cada uma dessas perguntas precisamos saber a resposta. Qual discurso gera a violência? Não temos a resposta perfeita, mas temos a resposta que pode ser auditada, que pode ser confirmada por legisladores e terceiros”, afirmou.

Recentemente, analistas descobriram que os algoritmos da rede social focam em conteúdos extremos para aumentar o tempo que os usuários ficam na mídia, segundo revelou reportagem do Wall Street Journal. Os documentos que têm sido revelados pela imprensa americana também mostraram que a empresa ignorou apelos de funcinários sobre conteúdos nocivos e foi mais flexível com pessoas influentes em relação às políticas da rede. 

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